Cantando História
A questão irlandesa remonta ao século XII, quando a Inglaterra, buscando expandir seus territórios, empreende uma dominação do território irlandês. Desde então, os conflitos se sucederam, dando origem a atual situação do país, dividido em dois e marcado por graves problemas territoriais e religiosos. Dessa forma, apesar de diversas iniciativas de independência, o país permaneceu dividido entre a República da Irlanda, ou Eire, independente e a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, de influência inglesa.
Os confrontos se disseminaram, sobretudo, na Irlanda do Norte, dividida religiosamente entre protestantes e católicos. Na década de 1910 foi fundado o Ira, Exercito Republicano irlandês, grupo católico que luta pela separação da Irlanda do Norte e pela unificação irlandesa. Logo, o Ira adotou praticas terroristas e somente em 2005 fez um acordo de cessar fogo, após ter acumulado, durante toda sua trajetória, mais de 3.000 mortes em diversos atentados.
O terrorismo do IRA gerou um clima de apreensão e medo, especialmente por parte do governo inglês, que passou a enxergar como ameaça qualquer tipo de manifestação que ocorresse na Irlanda do Norte. De fato, a Inglaterra acabou sendo responsável por um dos mais tristes episódios ocorridos na historia recente da Irlanda, o “Domingo Sangrento”, imortalizado pelo grupo irlandês U2 na canção Sunday Bloody Sunday.
Em 30 de janeiro de 1972, um grupo de militares ingleses reprimiu violentamente uma manifestação pacífica em prol dos direitos civis na Irlanda do Norte. Nessa época, buscando conter a expansão do IRA, o governo irlandês prendia e torturava qualquer cidadão suspeito de terrorismo ou de fazer parte do Exercito Republicano. Os militares atiraram aleatoriamente, muitas vezes, pelas costas, em manifestantes desarmados, causando um enorme caos e provocando uma chacina no que era, até então, uma manifestação não violenta. 14 pessoas morreram em conseqüência deste embate. O objetivo da violenta repressão inglesa era, exatamente, coibir as atividades do IRA. Entretanto, o massacre perpetrado pelos soldados surtiu o efeito oposto. Revoltados, vários jovens irlandeses se uniram ao Exercito Republicano, que fortaleceu sua política terrorista, iniciando um ciclo de atentados violentos que durou mais de 25 anos.