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Discalculia

Transtorno de aprendizagem demanda atenção especial
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É comum ouvirmos pais ou professores dizendo que uma determinada criança ou adolescente tem dificuldades com a matemática. Mas quando essa dificuldade se expressa em atividades cotidianas, como ver as horas num relógio não digital, conferir o troco de compras ou realizar cálculos mentais é preciso investigar se tais dificuldades não são sinais de discalculia, um transtorno de aprendizagem que afeta especificamente a habilidade de entender e trabalhar com números. 

A discalculia não é uma condição rara e estima-se que esteja presente em cerca de 7% dos brasileiros, embora nem sempre corretamente diagnosticada.


Para muitas pessoas com discalculia, a matemática parece uma linguagem completamente estranha, onde as regras não fazem sentido, e cada tentativa de solução parece um enigma sem resposta. Isso pode gerar uma enorme frustração e ansiedade, especialmente em contextos escolares, onde a matemática desempenha um papel central.

Sintomas e causas 
Os sintomas da discalculia variam, mas geralmente envolvem dificuldades com operações matemáticas simples, confusão com símbolos e sequências numéricas, problemas para estimar quantidades ou compreender o valor posicional dos números. 

Os primeiros sinais de discalculia podem surgir na infância, muitas vezes durante os primeiros anos de escolaridade, quando a matemática começa a ser introduzida de forma mais estruturada. Crianças com discalculia podem ter dificuldade para contar objetos, entender padrões numéricos simples e até mesmo lembrar fatos básicos, como a tabuada. Em casos mais severos, a dificuldade pode se estender a tarefas cotidianas que envolvem números, como ler horas no relógio, calcular troco ou medir ingredientes em uma receita.

Enquanto muitas dificuldades com matemática possam ser superadas com aulas de reforço, na discalculia isso não ocorre, porque existe um transtorno de neurodesenvolvimento, uma disfunção em áreas do cérebro responsáveis pelo processamento de habilidades matemáticas.

A discalculia é causada por uma combinação de fatores genéticos, podendo ser hereditária, neurológicos e ambientais e embora seja uma condição permanente, há maneiras de ajudar as pessoas a superarem as dificuldades associadas a ela. 

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico precoce é fundamental para definir as intervenções adequadas a cada caso. O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, com psicopedagogos, neuropsicólogos e professores especializados e em alguns casos, também pode ser útil o acompanhamento com terapeutas ocupacionais para ajudar no desenvolvimento de habilidades práticas e funcionais. No entanto, o mais importante é criar um ambiente de aprendizagem inclusivo, onde as dificuldades matemáticas sejam tratadas com empatia e compreensão, e onde as estratégias de ensino sejam adaptadas para atender às necessidades de cada aluno. A tecnologia pode ser um aliado poderoso nesse processo, pois há aplicativos e software que facilitam o aprendizado de matemática.

Educadores e psicólogos podem trabalhar juntos para desenvolver estratégias que ajudem os alunos com discalculia a aprender de maneira eficaz. Métodos alternativos de ensino, como o uso de recursos visuais, materiais manipuláveis e tecnologia assistiva, têm se mostrado eficazes para ajudar esses alunos a compreenderem os conceitos matemáticos de forma mais concreta.

Outro ponto importante é o papel do apoio emocional. A discalculia pode ser devastadora para a autoestima de uma criança, principalmente se não for diagnosticada e tratada corretamente. 

Muitas vezes, essas crianças são rotuladas como "preguiçosas" ou "desinteressadas", quando, na verdade, estão enfrentando um desafio cognitivo real. Compreender a condição e oferecer suporte emocional é fundamental para garantir que esses alunos não apenas melhorem suas habilidades matemáticas, mas também mantenham uma atitude positiva em relação à aprendizagem.

Adultos também podem sofrer com discalculia, e, embora muitos tenham aprendido a lidar com suas limitações, as dificuldades numéricas podem continuar a impactar suas vidas profissionais e pessoais. Muitos encontram maneiras de compensar essas dificuldades, utilizando calculadoras, planilhas e outras ferramentas tecnológicas. Em alguns casos a discalculia pode interferir também na vida financeira.

Embora seja uma condição permanente, com o diagnóstico e o tratamento adequados, as pessoas com discalculia podem aprender a superar suas dificuldades e alcançar sucesso tanto acadêmico quanto profissional. O papel dos educadores e familiares é crucial nesse processo, garantindo que essas pessoas recebam o apoio necessário para desenvolverem todo o seu potencial, independentemente das dificuldades com a matemática.

E vale lembrar que a Lei 14.254/21 determina que as escolas das redes pública e privada devem garantir acompanhamento específico aos alunos com diferentes distúrbios de aprendizagem, como dislexia, discalculia e disortografia. E mais: em concursos públicos e exames de vestibular devem ter atendimento especializado, como tempo extra para a prova ou mesmo uso de calculadora.

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