Quanto pesa o quilo?
A pergunta parece estranha. Afinal, nos acostumamos a usar o quilo como medida de peso. Compramos 1 quilo de feijão, pedimos meio quilo de tomates, dizemos que alguém pesa sessenta quilos...
Bem, lembrando da velha pegadinha, um quilo de chumbo ainda é igual a um quilo de algodão, mas desde 16 de novembro último, a maneira de medi-los mudou.
Numa reunião dos países que representam o atual Sistema Internacional de Unidades (SI), foram tomadas algumas decisões que alteram a forma como hoje é estabelecido o peso do quilo.
Relembrando...
Para entender isso, vamos voltar um pouco na história
Em 1875 representantes de 17 países, entre os quais o Brasil, assinaram a chamada Convenção do Metro, para estabelecer padrões internacionais para o metro e outras duas unidades, o quilo e o segundo. Isso foi muito importante para o comércio e para a vida cotidiana.
Inicialmente foram estabelecidos objetos físico como referência para as medidas: o metro era uma barra e o quilo um cilindro de platina e irídio, trancado num cofre do escritório Internacional de Pesos e Medidas, na França.
Mas com o tempo o cilindro perdeu 50 microgramas de massa, comparado com o original. Por isso será substituído, a partir de maio de 2019, por um método de medição muito mais preciso, baseado em constantes físicas.
Por exemplo, o metro, que originalmente era uma barra, hoje é medido com uma constante universal: a velocidade. Desde 1983 o metro é definido como a distância percorrida pela luz no vácuo em 1/299.792.458 segundos.
E o segundo, desde 1967, é definido por propriedades de radiação do átomo de césio.
Agora é a vez do quilo, que deixará de ser a última grande unidade de medida definida por um artefato. Ele será definido através de uma relação matemática que une a equação de massa-energia (E = mc2) à equação fundamental da constante de Planck (E = hf).
Na prática, nada vai mudar. As pessoas continuarão pedindo (e recebendo) 1 quilo de feijão, meio de tomates, ou pesando sessenta quilos.
Mas isso é relevante para as relações entre os países, porque a medição passa a ser feita com base em uma constante da natureza, e não em um referencial situado em um único país, como o antigo cilindro.
Além disso é mais precisa, por não depender de um objeto que pode perder ou ganhar massa com o tempo. E isso impacta na indústria e no comércio.
Também foram alteradas, nessa mesma reunião, as definições do mol, que passará a ser associado à Constante de Avogrado, do kelvin, associado à constante de Boltzmann e do ampère, associado à carga elementar dos elétrons.