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Mundo sem plástico

27/02/2020 · 10:56 · atualizado em 04/01/2021
Estabelecimentos de São Paulo estão proibidos de distribuir utensílios plásticos.

Você consegue imaginar um mundo onde não existam utensílios plásticos descartáveis? Para muita gente, essa possibilidade é uma ideia difícil de aceitar, principalmente porque esse material oferece muita praticidade na correria do dia a dia. Para outros, no entanto, é uma tendência que deverá ganhar força nos próximos anos em função de uma consciência de preservação do meio ambiente.

Pensando em eliminar totalmente esse tipo de resíduo, São Paulo já entrou na lista das cidades que passaram a proibir a distribuição de utensílios plásticos descartáveis nos estabelecimentos. Isso mesmo! A partir de agora, copos, talheres, agitadores para bebidas e varões para balões estão proibidos de serem oferecidos a clientes dentro do município. A lei foi sancionada em janeiro de 2020.

A multa por descumprimento pode variar de um a oito mil reais e em caso de reincidência o estabelecimento pode ser fechado. Como solução para troca, esses produtos devem ser substituídos por similares de material biodegradável, compostável ou reutilizáveis até janeiro de 2021.

Entre os estabelecimentos proibidos da distribuição estão restaurantes, hotéis, bares, padarias, restaurantes, clubes noturnos, salões de dança e de eventos culturais e esportivos, além de espaços para festas infantis.

 

Adeus aos canudinhos

Flexível e disponível em todos os lugares, ele mudou o hábito das pessoas: da escova de dente  às embalagens,  o plástico é um material que transformou a vida moderna. Mas, se tornou a nossa vida mais prática, também  trouxe vários problemas, com  mais de oito milhões de toneladas de plásticos despejados nos oceanos todos os anos.

O lixo plástico é um problema que assola muitas cidades e embora alguns  tipos sejam viáveis para reciclagem, acredita-se que somente 9% dos plásticos produzidos no mundo são reciclados. A realidade é alarmante e desencadeou uma guerra global contra o uso de produtos plásticos.

Em 2018, o Rio de Janeiro foi a primeira cidade brasileira a banir o uso dos conhecidos canudos plásticos, ao proibir a distribuição dos canudinhos em estabelecimentos como bares, restaurantes, lanchonetes e quiosques. Em 2019, foi a vez de São Paulo seguir o exemplo.

Depois da proibição de canudos de plásticos, seguiu-se a tentativa de banimento das tradicionais sacolinhas, cuja distribuição em estabelecimentos comerciais também passou a ser proibida. A lei determina a substituição das sacolas plásticas por bolsas reutilizáveis ou biodegradáveis, bem como proíbe a distribuição ou mesmo a venda de sacolas plásticas no estado.

 

Produção de plástico

Desde 1950, a produção global de plástico tem crescido expressivamente. À época, foram produzidos pouco mais de 2 toneladas do material e hoje, 70 anos depois, a produção é de mais de 448 milhões de toneladas. Atualmente, cada pessoa utiliza em média 60 quilos de plástico por ano. Em regiões mais industrializadas, como América do Norte, Europa Ocidental e Japão, a média, por pessoa, supera os 100 quilos de material plástico utilizado.
 
Estima-se que cerca de 8,3 bilhões de toneladas de plástico foram fabricadas a partir de petróleo bruto desde 1950. Desse total, 30% permanecem em uso e outros 10% foram queimados. Hoje, cerca de 6% do consumo global de combustível fóssil é destinado à produção do plástico e, segundo a Agência Internacional de Energia, pode chegar a 20% até 2050.

 

Mar de poluição
 
No ranking de maiores poluidores do planeta, o Brasil aparece em quarto lugar quanto à produção de lixo plástico. Por ano, o país gera 11,3 milhões de toneladas desse resíduo – atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. E o nosso país sofre com falta de políticas públicas eficientes para reciclagem.

Em 2019 o Brasil figurou entre os seis estados-membros da ONU (Organização das Nações Unidas) que não assinaram um acordo global para reduzir a produção de plástico de uso único. A medida, que foi aprovada por 187 nações, tem como objetivo criar pesquisas para desenvolver alternativas ao material, além de novas técnicas de reciclagem.

Como vimos, o Brasil é um péssimo exemplo no combate ao problema e, sem tratamento adequado para o plástico, o mar se transforma em depósito de lixo. Um estudo realizado pela PUC-Rio, revelou que a Baía de Guanabara está entre as regiões do mundo com maior concentração de microplásticos, que são as partículas inferiores a 0,5 milímetro. A pesquisa mostrou que são cerca de 7,1 itens por metro cúbico.

No mundo inteiro, a ONU estima que mais de 12 milhões de toneladas de plástico são despejadas no mar todos os anos.

 

Mudança de cultura

Imaginar um futuro sem plásticos pode até parecer fácil, mas concretizar esse pensamento exige um esforço coletivo - tanto das empresas que fabricam o material, quanto da população. Além disso, é preciso também de uma mudança de cultura que nos tire o ideal de conforto individual em função de um mundo melhor e sem poluição.

E aí, vamos começar a abrir mão do plástico?

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