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Fertilização in vitro: um milagre da ciência

11/10/2024
Do primeiro bebê de proveta às novas técnicas


Na primeira semana de outubro de 2024 os jornais anunciaram o quadragésimo aniversário de um feito da ciência brasileira: o nascimento do primeiro bebê de proveta no país.

O termo “bebê de proveta” foi cunhado em 1978 para designar os bebês nascidos com a utilização de uma técnica revolucionária: a fertilização in vitro. Como eram usados tubos de ensaio, ou provetas, o nome ficou associado à técnica. 

O que é a fertilização in vitro?
A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica de reprodução assistida que transformou vidas ao redor do mundo. Para muitos casais que enfrentam dificuldades para engravidar, ela oferece a esperança de ter um filho biológico. 

A fertilização in vitro é um processo no qual a fertilização do óvulo pela célula espermática ocorre fora do corpo da mulher, ou seja, em um ambiente laboratorial. O termo "in vitro" significa "em vidro", fazendo referência ao uso de recipientes de vidro (ou plástico, atualmente) para o cultivo dos embriões. Após a fertilização, os embriões são observados e, os mais saudáveis, são transferidos para o útero da mulher, onde podem se desenvolver até o nascimento.

O processo da FIV envolve várias etapas, todas realizadas com o acompanhamento médico especializado. 

•    Estimulação ovariana: A mulher recebe medicamentos hormonais para estimular a produção de vários óvulos, uma vez que, em ciclos normais, o corpo geralmente libera apenas um óvulo por mês.

•    Coleta dos óvulos: Uma vez maduros, os óvulos são retirados dos ovários através de um procedimento médico simples, guiado por ultrassom.

•    Fertilização em laboratório: Os óvulos coletados são colocados em contato com espermatozoides saudáveis em um ambiente controlado. 

•    Cultivo do embrião: Os óvulos fertilizados (agora embriões) são cultivados no laboratório por alguns dias, permitindo que os especialistas selecionem os embriões mais viáveis.

•    Transferência do Embrião: O(s) embrião(s) mais saudáveis são transferidos para o útero da mulher, onde, se tudo correr bem, irão se implantar e iniciar a gravidez.

•    Acompanhamento e Teste de Gravidez: Após cerca de duas semanas, é feito um teste de gravidez para verificar se o processo foi bem-sucedido.

A história da fertilização in vitro
A primeira criança nascida a partir da FIV foi Louise Brown, em 1978, no Reino Unido. Ela nasceu após anos de tentativas e pesquisas dos médicos Robert Edwards e Patrick Steptoe. Esse feito histórico foi um marco para a ciência e abriu as portas para milhões de famílias que não conseguiam ter filhos por métodos naturais.

No Brasil, a primeira bebê de proveta brasileira nasceu em 1984, e foi um símbolo de avanço científico no país. Desde então, o Brasil tem se destacado na área de reprodução assistida, tornando-se uma referência na América Latina.

Nos anos que se seguiram, a FIV se popularizou e se aperfeiçoou, com a introdução de técnicas mais modernas, como a preservação de embriões, a escolha genética de embriões saudáveis e a possibilidade de casais homoafetivos e pessoas solteiras também se beneficiarem da tecnologia. Hoje, a FIV é uma prática bem estabelecida e acessível em clínicas especializadas em todo o Brasil.

Importância da FIV
Para casais com infertilidade, a fertilização in vitro é um verdadeiro milagre da ciência moderna. Ela permite que pessoas com problemas de saúde, como obstruções nas trompas de falópio, baixa contagem de esperma ou doenças genéticas, possam realizar o sonho de ter filhos biológicos. Além disso, a FIV oferece uma alternativa para mulheres que desejam adiar a maternidade por questões pessoais ou profissionais, permitindo o congelamento de óvulos para uso futuro.

Desafios e controvérsias
Apesar dos avanços, a FIV não está isenta de desafios. A taxa de sucesso varia de acordo com a idade da mulher e sua saúde reprodutiva. Além disso, o custo pode ser elevado, tornando o tratamento inacessível para muitas famílias. Existe também um debate ético em torno de questões como a manipulação genética de embriões e o que fazer com os embriões excedentes que não são utilizados.

Com os avanços contínuos da ciência, a tendência é que a fertilização in vitro se torne cada vez mais eficiente e acessível. A pesquisa em edição genética e em inteligência artificial pode melhorar as taxas de sucesso e a seleção de embriões. Ao mesmo tempo, novas técnicas poderão reduzir o custo do tratamento, democratizando ainda mais o acesso à reprodução assistida.

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