Eva, aquela que é  considerada, pela Bíblia, a primeira mulher da História, empresta seu nome para um fenômeno genético conhecido como Eva mitocondrial, a ancestral mais recente comum a todos os seres humanos vivos.

Cientistas identificaram essa Eva através do estudo do DNA mitocondrial, que é herdado exclusivamente da mãe para os filhos, na década de 80 do século passado.

O DNA mitocondrial (mtDNA) é o material genético presente nas mitocôndrias, organelas celulares responsáveis por produzirem ATP, a unidade de energia das células.

O nome EVA identifica um grupo de mulheres que teria vivido entre 150 e 200 mil anos atrás, no sul da África, na região onde hoje estão os países Zimbabwe e Botsuana. O DNA que elas carregavam está presente em todas as gerações humanas desse tempo para cá.

O DNA mitocondrial (mtDNA) é herdado exclusivamente das nossas mães, pois durante a fecundação as mitocôndrias do gameta masculino se perdem. E é também transmitido apenas pelas mulheres. Assim, se uma mulher não tiver descendentes ou tiver filhos apenas do sexo masculino, o DNA mitocondrial dela não será repassado.

A figura dessa Eva é o ancestral comum que carregava um DNA mitocondrial  do qual derivaram todos os outros que existem hoje, em diversas linhagens com mutações que ocorreram ao longo dos séculos. É como se essa Eva fosse o tronco genético e as diversas linhagens os galhos. 

Os avanços da ciência
A Teoria da Eva Mitocondrial parte do princípio que seria possível traçar uma linhagem a partir das contribuições maternas, geração por geração, até se chegar ao ancestral comum mais recente, ou seja a mulher mais recente da qual a linhagem dos humanos viventes descende.

Isso só foi possível porque as tecnologias de sequenciamento e processamento dos genes permitiram que os cientistas reconstituíssem as origens do mtDNA. Ao comparar  o DNA mitocondrial de mulheres de vários grupos étnicos, conseguiram estimar quanto tempo se passou para que cada grupo assumisse características distintas a partir de um ancestral comum.