Acontece

Últimos acontecimentos mundiais comentados e contextualizados.

BRICS 2025 no Rio de Janeiro

11/07/2025
Expansão, clima e nova ordem global em debate


O Rio de Janeiro sediou, na primeira semana de julho, a 17ª cúpula do BRICS, o grupo que reúne economias emergentes. Líderes de 11 países reforçaram o papel do Sul Global, defenderam reformas na ONU e no FMI, ampliaram a agenda climática e impulsionaram a cooperação em tecnologia e inovação - apesar de desafios internos e ausências estratégicas.

O BRICS surgiu com o objetivo de unir economias em rápido crescimento para discutir cooperação econômica e política contra o domínio tradicional de blocos ocidentais. Inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China, adotou a sigla BRIC, criada pelo economista Jim O’Neill em 2001 para destacar o potencial de crescimento desses países. Em 2010 a África do Sul se juntou ao grupo e um S, (South Africa em inglês) foi incorporado à sigla.

Entre 2024 - 2025, o bloco passou por uma expansão significativa, com a incorporação de países como Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Irã, Arábia Saudita e Indonésia foram incorporados como membros, mas a sigla não foi alterada.

Atualmente, os países membros do BRICS somam cerca de 40 % do PIB global e quase metade da população mundial e trabalham sobre três pilares: cooperação em política e segurança; cooperação financeira e econômica; e cooperação cultural e pessoal. Cerca de 150 reuniões são realizadas anualmente em torno desses pilares e regularmente são realizados encontros globais, chamados de cúpula.

A cúpula no Rio de Janeiro, entre 6 e 7 de julho de 2025, teve como tema central  “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança Mais Inclusiva e Sustentável” e tinha como tópicos de discussão a reforma das instituições globais como ONU e FMI, a cooperação climática, a segurança global frente a conflitos, comércio e finanças, inovação e indústria 4.0 e inclusão social e participação civil.

A ausência de líderes como Putin, presidente da Rússia, que participou por videoconferência e de XI Jinping, presidente da China, e tensões internas entre países de regimes autoritários x democráticos reduziu um pouco o impacto do relatório final , com 126 pontos, que propôs itens como reivindicação conjunta por mudanças no FMI, além de reforma do Conselho de Segurança da ONU, com inclusão de novos membros, necessidade de pressão sobre países ricos para financiar a transição de energia, através do  Fundo “Tropical Forests Forever Facility”, com investimento inicial de China e EUA, compromisso com o Acordo de Paris e apoio à COP30 no Brasil , declarações de repúdio a sanções unilaterais e ataques no Irã e Gaza e reafirmação de apoio a negociações na Ucrânia, a crítica a tarifas excessivas e barreiras comerciais modernas, a intensificação do uso de moedas nacionais no comércio intra-BRICS, aprovação de um plano estratégico de inovação para 2025-2030, incluindo iniciativas em IA, robótica e transformação digital, a criação do Centro de Competências Industriais do BRICS em parceria com a ONU, a  inauguração do Conselho Popular dos BRICS no Rio, que reuniu movimentos sociais, ONGs e parlamentos.

Logo após o encerramento da cúpula os Estados Unidos ameaçaram impor tarifas de 10 % adicionais sobre produtos de países alinhados ao BRICS, em retaliação à proposta de uso de outra moeda que não o dólar em transações internacionais de comércio. 

O BRICS tem regime de rotatividade na presidência, que hoje é ocupada pelo Brasil. Em dezembro, a Índia assumirá com o desafio de coordenar os esforços para desenvolvimento da agenda proposta, reforçando o compromisso dos países-membros com o multilateralismo, o enfrentamento às mudanças climáticas, a inclusão social e a reforma das instituições globais.

Utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso site. Ao continuar, você concorda com nossa política de privacidade.