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Inteligência artificial

31/10/2025
Como chegamos até aqui


Desde os primórdios da humanidade, o avanço tecnológico tem sido uma das principais forças motrizes do desenvolvimento social, econômico e cultural. A invenção das ferramentas de pedra, há milhares de anos, marcou o início da jornada do ser humano na busca por soluções que ampliassem suas capacidades naturais. Com o tempo, a tecnologia passou a ser entendida não apenas como o uso de instrumentos físicos, mas também como a aplicação sistemática do conhecimento científico para resolver problemas e transformar o mundo.

O primeiro grande salto tecnológico ocorreu com a Revolução Agrícola, quando o homem aprendeu a cultivar a terra e domesticar animais, fixando-se em comunidades estáveis. Séculos depois, a Revolução Industrial, no século XVIII, impulsionou a criação de máquinas movidas a vapor, mudando radicalmente a forma de produzir bens e gerando uma sociedade voltada para a mecanização e a eficiência. A partir daí, o progresso tecnológico acelerou-se de forma exponencial, culminando na era da eletricidade, das comunicações e, finalmente, da informática.

O século XX foi o cenário de uma verdadeira revolução digital. O desenvolvimento dos primeiros computadores, durante e após a Segunda Guerra Mundial, abriu um novo horizonte de possibilidades. Foi nesse contexto que o matemático britânico Alan Turing publicou, em 1950, o artigo "Computing Machinery and Intelligence", um marco na história da tecnologia. O texto começava com uma pergunta simples, mas profundamente perturbadora: “As máquinas podem pensar?”. Turing propôs um experimento mental — conhecido como Teste de Turing — para avaliar se um computador poderia imitar o comportamento humano a ponto de enganar um interlocutor. Essa reflexão inaugurou o campo da inteligência artificial (IA) e estabeleceu as bases filosóficas e técnicas para as décadas seguintes.

Nos anos seguintes, o desenvolvimento da eletrônica e da computação deu origem a máquinas cada vez mais rápidas e complexas. Na década de 1950, surgiram os primeiros programas capazes de jogar xadrez e resolver problemas lógicos simples. Nas décadas de 1960 e 1970, os cientistas começaram a desenvolver sistemas especialistas, capazes de tomar decisões em áreas específicas, como diagnóstico médico ou controle industrial. Embora ainda limitados, esses sistemas mostraram que era possível ensinar as máquinas a “raciocinar” com base em regras lógicas.

O avanço da microeletrônica, nos anos 1980 e 1990, democratizou o acesso aos computadores pessoais, levando a tecnologia para dentro das casas e empresas. Paralelamente, o surgimento da internet conectou bilhões de pessoas e dispositivos, gerando uma quantidade de dados sem precedentes. Essa explosão de informações foi essencial para o próximo salto: o aprendizado de máquina (machine learning).

A partir dos anos 2000, com o aumento do poder de processamento e o desenvolvimento de algoritmos mais sofisticados, a inteligência artificial passou a aprender com grandes volumes de dados, aprimorando-se de forma autônoma. Surgiram assistentes virtuais, carros autônomos, sistemas de recomendação e, mais recentemente, ferramentas baseadas em redes neurais profundas (deep learning), que simulam o funcionamento do cérebro humano.

Hoje, a IA está presente em praticamente todos os setores: saúde, educação, transporte, segurança, arte e entretenimento. Ela é capaz de traduzir idiomas em tempo real, diagnosticar doenças com alta precisão e até criar textos, imagens e músicas originais. No entanto, a pergunta de Turing continua ecoando: as máquinas realmente pensam ou apenas simulam o pensamento humano?

A evolução tecnológica nos trouxe até um ponto em que a fronteira entre o natural e o artificial parece cada vez mais tênue. A inteligência artificial representa não apenas um avanço técnico, mas também um desafio ético e filosófico. Afinal, ao criar máquinas capazes de aprender, decidir e criar, o ser humano se vê diante do espelho de sua própria inteligência — e precisa, mais do que nunca, refletir sobre o futuro que deseja construir com ela.

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