História >> Conjuração Baiana
Introdução
No Brasil do final do século XVIII eclodiram diversas revoltas. A Inconfidência Mineira, de 1789, é considerada a primeira revolta emancipacionista do Brasil. Mas não foi a única. Em 1798 era a vez da Bahia entrar em erupção.
A Conjuração Baiana, que tem inicio neste ano, é também uma revolução emancipacionista, mas a primeira que toca em um assunto proibido para a época: a abolição da escravatura. Esse movimento também ficou conhecido como Revolta dos Alfaiates, o que ressalta seu caráter popular. A ela seguiram-se outros movimentos que reivindicavam a separação de Brasil e Portugal como a Conspiração dos Suassunas de 1801 e a Insurreição Pernambucana de 1817.
A bandeira da Conjuração Baiana inspirou claramente a atual bandeira do estado da Bahia.
Salvador, a capital
Em 1549 foi fundada, na Bahia, a cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil. A escolha de Salvador como capital não foi ao acaso. No século XVI, este era o principal porto natural para o embarque e desembarque de mercadorias e pessoas.
A construção da capital foi supervisionada pelo primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Souza. Em pouco tempo, a cidade cresceu e nela circulavam índios, portugueses, escravos e mercadores. Logo, Salvador tornou-se o centro da nova colônia. Sua importância econômica crescia ao mesmo tempo em que sua população aumentava e a cidade se desenvolvia. Apenas no século XVIII, quando a capital da colônia é transferida para o Rio de janeiro, é que a cidade baiana perde um pouco de sua efervescência.
A construção da capital foi supervisionada pelo primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Souza. Em pouco tempo, a cidade cresceu e nela circulavam índios, portugueses, escravos e mercadores. Logo, Salvador tornou-se o centro da nova colônia. Sua importância econômica crescia ao mesmo tempo em que sua população aumentava e a cidade se desenvolvia. Apenas no século XVIII, quando a capital da colônia é transferida para o Rio de janeiro, é que a cidade baiana perde um pouco de sua efervescência.
Mapa das capitanias hereditárias
Liberdade à francesa
Não é de se estranhar que a Conjuração Baiana tenha lugar em Salvador. Com a transferência da capital para o Rio de Janeiro, Salvador perde boa parte de sua importância política, mas não econômica. Os grandes latifúndios açucareiros, que utilizavam enormes quantidades de mão de obra escrava, continuaram se desenvolvendo. Entretanto, por não ser mais a sede do governo colonial, Salvador perdeu parte dos investimentos feitos em urbanização e as condições de vida da população pioraram. Progressivamente, a desigualdade social foi sendo acirrada e o abismo entre os senhores de engenho e a população baiana crescia assustadoramente.
A população pobre sobrevivia de trabalhos braçais e era vista com desprezo pela elite local. Os escravos, que compunham grande parte da população, sofriam castigos corporais públicos. O hoje mundialmente famoso bairro do Pelourinho ganhou este nome por ser o local onde os senhores castigavam seus escravos, pois pelourinho era o nome dado ao tronco ou pedra onde os escravos eram amarrados e chicoteados.
A população pobre sobrevivia de trabalhos braçais e era vista com desprezo pela elite local. Os escravos, que compunham grande parte da população, sofriam castigos corporais públicos. O hoje mundialmente famoso bairro do Pelourinho ganhou este nome por ser o local onde os senhores castigavam seus escravos, pois pelourinho era o nome dado ao tronco ou pedra onde os escravos eram amarrados e chicoteados.
Gravura feita por Debret, retratando um escravo sendo castigado no pelourinho.
Liberdade à francesa
As condições desumanas agravaram o preconceito racial na Bahia, já forte durante todo o período colonial. Mesmo os escravos libertos eram tratados com desprezo. Ao mesmo tempo, o aumento do custo de vida levava a população local a condições de extrema pobreza e fome. A cidade vivia sob tensão. Os conflitos localizados eram constantes, além dos assaltos e saques a pessoas e armazéns.
Mas, embora tenha perdido o posto de capital da colônia, Salvador mantivera o de sede da capitania. Além disso, o dinâmico porto permitia o intercâmbio de pessoas e ideias. As tentativas do governo em impedir a entrada das ideias europeias fracassou e nas malas dos viajantes, muito deles, brasileiros que haviam sido mandados por seus pais para estudar na Europa, chegavam os livros de Rousseau, Voltaire e outros iluministas que difundiam uma nova concepção de estado, mais democrático.
Em 1797 foi fundada a loja maçônica Cavaleiros da Luz. No período colonial, a maçonaria desempenhou um importante papel na troca de ideias. Entretanto, sua frequencia era, sobretudo, de membros letrados, o que excluía a maior parte da população. Mas, a partir das discussões iluministas travadas nesta loja, logo as ideias liberais tomaram conta de Salvador.
A Conjuração
Os ideais republicanos, baseados na democracia e na igualdade, cativaram, sobretudo, os mulatos, negros libertos, soldados e alfaiates, grupos que, por sua cor ou condição social, estavam impedidos de ascender socialmente numa realidade escravista.
Sob a liderança dos alfaiates, que serviam como soldados, a palavra república tomou conta de Salvador. Para eles, a república era sinônimo de democracia e liberdade e, é claro, significava igualdade.
Embora a Conjuração Baiana seja também conhecida como Revolta dos Alfaiates, por seu caráter inicialmente popular, aos poucos, parte da elite letrada da cidade aderiu ao movimento. Seus interesses, porém, eram bastante diversos. A elite almejava, sobretudo, o liberalismo econômico, que permitiria acumular lucros internamente, sem estar submetidos ao pacto colonial. Além disso, sem a metrópole portuguesa, seria permitido o comercio com o país que oferecesse mais vantagens o que, enquanto colônia, não era permitido.
Sob a liderança dos alfaiates, que serviam como soldados, a palavra república tomou conta de Salvador. Para eles, a república era sinônimo de democracia e liberdade e, é claro, significava igualdade.
Embora a Conjuração Baiana seja também conhecida como Revolta dos Alfaiates, por seu caráter inicialmente popular, aos poucos, parte da elite letrada da cidade aderiu ao movimento. Seus interesses, porém, eram bastante diversos. A elite almejava, sobretudo, o liberalismo econômico, que permitiria acumular lucros internamente, sem estar submetidos ao pacto colonial. Além disso, sem a metrópole portuguesa, seria permitido o comercio com o país que oferecesse mais vantagens o que, enquanto colônia, não era permitido.
A situação dos negros e mulatos no período colonial sempre foi de miséria e exploração. Nesta gravura feita por Jean Batiste Debret, o artista retrata a mendicância nas cidades brasileiras.
A repressão
A resposta da Coroa Portuguesa não tardou. Logo no início do movimento, os suspeitos foram presos e torturados, especialmente os pertencentes às classes, populares. Os líderes foram presos e condenados à morte. Em 1799, os condenados foram enforcados no Largo da Piedade, para que sua morte servisse de exemplo e inibisse novos conflitos. Mas somente os revoltosos pobres receberam pena tão severa.
O médico Cipriano José Barata, conhecido pela defesa do liberalismo e da Independência do Brasil, participou ativamente da Conjuração, mas foi julgado e absolvido. A elite brasileira, mais uma vez, saiu ilesa do conflito e os ideais dos revoltosos, independência e abolição, só foram conseguidos em 1822 e 1888, respectivamente.
Imagem do Largo da Piedade, onde os revoltosos baianos foram enforcados.