Superpoluentes: os novos vilões do aquecimento global
Quando falamos em aquecimento global e mudanças climáticas, um termo que geralmente nos ocorre é o CO₂, ou dióxido de carbono, um dos principais causadores do efeito estufa, fenômeno natural que, potencializado pela ação do homem, especialmente com a queima de combustíveis fósseis, tem levado ao aumento da temperatura do planeta.
Mas um outro termo tem ganhado destaque entre cientistas e ambientalistas: os "superpoluentes". Estes agentes contaminantes, embora menos conhecidos do que o dióxido de carbono (CO₂), têm um potencial de impacto climático e ambiental muito mais devastador.
Mas, afinal, o que são os superpoluentes, quais prejuízos trazem e como podemos combatê-los?
Os superpoluentes, também conhecidos como poluentes de vida curta, incluem substâncias como o metano (CH₄), produzido principalmente pela queima de combustíveis fósseis, pela atividade agrícola e pecuária e por aterros de lixo, os hidrofluorcarbonetos (HFCs), substitutos dos clorofluorcarbonetos (CFCs), que estavam contribuindo para a destruição da camada de ozônio, e usados em aparelhos de ar condicionado, na refrigeração, em aerossois e solventes, o carbono negro (fuligem), resultado da combustão incompleta de biomassa (por exemplo, queimadas florestais), de carvão ou diesel e o ozônio troposférico, resultado de reações químicas na atmosfera com subprodutos da atividade industrial e de veículos.
Esses poluentes, apesar de permanecerem na atmosfera por períodos relativamente curtos – variando de dias a algumas décadas – possuem um poder de aquecimento global muito superior ao do CO₂. Por exemplo, o metano é cerca de 25 vezes mais eficaz que o CO₂ em reter calor na atmosfera ao longo de um século.
Efeitos no clima e na saúde humana
A saúde pública é diretamente impactada por esses poluentes. O ozônio troposférico e o carbono negro são responsáveis por doenças respiratórias e cardiovasculares, causando milhões de mortes prematuras anualmente. Além disso, a fuligem afeta a qualidade do ar, prejudicando a visibilidade e contribuindo para a poluição atmosférica urbana.
No Brasil, não há estatísticas precisas sobre a poluição por carbono negro e ozônio troposférico. Um estudo recente do IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente) mostra que o Brasil precisa de no mínimo mais 46 estações de monitoramento da qualidade do ar e revela que a situação é crítica principalmente em Brasília, Goiânia e Manaus, cidades com mais de dois milhões de habitantes e que não têm nenhuma estação de monitoramento automático.
Como combater os superpoluentes
O combate aos superpoluentes exige a integração entre políticas públicas, inovação tecnológica e mudanças de comportamento. Algumas das estratégias incluem:
Redução das emissões de metano: Melhorar a gestão de resíduos sólidos e líquidos, promover práticas agrícolas sustentáveis e controlar vazamentos em infraestruturas de petróleo e gás.
Substituição dos HFCs: Incentivar o uso de alternativas aos hidrofluorcarbonetos em sistemas de refrigeração e ar condicionado, como os hidrocarbonetos e outras substâncias com menor potencial de aquecimento global.
Controle de emissões de carbono negro: Implementar tecnologias de combustão mais limpa e promover o uso de energias renováveis, além de incentivar a adoção de veículos elétricos e a melhoria dos padrões de eficiência energética em indústrias.
Melhoria da qualidade do ar: Investir em sistemas de monitoramento e controle da qualidade do ar, implementando regulamentos mais rigorosos sobre emissões industriais e de transporte.
Especialistas estimam que o combate aos superpoluentes pode evitar um aumento na temperatura global de até 0,6 graus centígrados até 2050.
O combate ao CO² é uma ação de mais longo prazo, porque ele pode ficar entre cem e mil anos na atmosfera, enquanto os superpoluentes desaparecem com muito maior rapidez quando cessa sua emissão.
A conscientização pública também desempenha um papel relevante. Campanhas educativas podem informar a população sobre os impactos desses poluentes e incentivar ações individuais, como a redução do desperdício de alimentos, o uso de transporte público e a adoção de práticas de consumo mais sustentáveis.