Donald Trump e a morte do general iraniano Soleimani
Após os celebrados e tradicionais votos de felicidades, saúde e paz na virada do ano, os Estados Unidos surpreenderam o mundo com um ataque mortal a um grande herói nacional do Irã, o brigadeiro-general Qassen Soleimani, em Bagdá, capital do Iraque.
O militar era um oficial graduado da Guarda Revolucionária da República do Irã e um dos responsáveis pela segurança nacional. Até a sua morte, era comandante da Forças Quds, incumbido pela atuação da Guarda, fora das fronteiras iranianas, cooptando e apoiando aliados, bem como treinando, equipando e financiando movimentos revolucionários islâmicos (xiitas) estrangeiros.
Sob seu comando, as Forças Quds desenvolveram um intricado conjunto de alianças fora do Irã, sobretudo no Oriente Médio, através do apoio e financiamento de soldados xiitas, como milícias no Iraque e na Síria, os houthis, no Iêmen, e o Hezbollah, no Líbano.
A Unidade, dentro da Guarda Revolucionária, é uma das responsáveis pelo enfraquecimento do Estado Islâmico no Iraque e na Síria. É bom lembrar que os persas professam o islamismo, tal como o Estado Islâmico. Mas, no Irã, a maior parte da população é xiita, enquanto o grupo terrorista é sunita, rival do primeiro, dentro da religião muçulmana. No combate ao EI, as Forças Quds, milícias xiitas e tropas americanas, no Iraque, lutaram, lado a lado, contra o EI.
Junto com Soleimani, estava o segundo homem mais poderoso das Forças de Mobilização Popular (FMP) do Iraque, o comandante Abu Mahdi al-Muhandis. Esse destacamento, juntamente com manifestantes pró-Irã, tentou invadir a embaixada americana, na capital do Iraque, no final de 2019.
O comandante das Forças Quds era proibido, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas de viajar para fora do seu país, exatamente por conta de suas conexões com grupos paramilitares estrangeiros. A sanção internacional deveria se extinguir em 2020, 5 anos após a entrada em vigor do acordo nuclear (2015). Isso significa dizer que sua presença, em Bagdá, onde foi executado, representava a violação da resolução da ONU.
A perda do general é um duro golpe para o Irã, uma vez que era um militar considerado incorruptível e totalmente dedicado ao seu país. A rede de alianças criadas por Soleimani inviabiliza um ataque direto dos Estados Unidos, e seus aliados, aos persas, uma vez que uma ação contra Teerã desencadearia a reação dos aliados iranianos, os chamados “proxies”, ou procuradores, em diferentes unidades políticas, potencializando uma crise em toda a região do Oriente Médio.
A república do Irã já prometeu vingar-se da morte de seu graduado comandante e os aliados dos Estados Unidos, no Oriente Médio, podem ser os mais atingidos, como Israel e Arábia Saudita, bem como seus destacamentos militares e representantes diplomáticos presentes na região.